DORMÊNCIA
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O céu azul sobre telhados passivos.
E chaminés brancas, rígidas, austeras
Vomitando fumos negros e abusivos
Que sobe em espirais sem demoras nem esperas
Sol morno de brilhos quase apreensivos
Sem a luz directa que há nas primaveras...
Entre a terra e ele estes frios agressivos
Que abrem neste mundo, danosas crateras
De frias angústias! E a terra gelada
E o tempo que passa na vida parada
E um curto horizonte pra'lém da janela
O sol entardece no poente frio
E já cai noite em silêncio vazio
Enquanto no céu o negro se revela
MEA
15/01/2021
©Reservados direitos de autor
publicado às 18:15
QUE JOSUÉ SOU EM TERRA PROMETIDA
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Pela velha ponte vou transpondo o rio
Desta margem levo o sonho e o desejo
Levo um pensamento agitado,bravio
Que deito nas águas serenas do Tejo
Levo o olhar vago preso no vazio
E no peito levo a força e o flamejo,
Fiéis condutores deste desvario,
Vindos do calor que havia no teu beijo
Há dele o reflexo nas águas cantantes
Quais raios de sol em poentes distantes
Que me leva até à margem invisível
Onde colho hinos de alegria e vida
Que Josué sou em terra prometida
Na busca incessante desse amor incrível
MEA
15/01/2020
©Reservados direitos de autor
publicado às 18:08
PEDI
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Pedi o silêncio dos campos em flor,
O matiz das árvores já em fruto,
A brisa que traz a ternura e amor,
E ao tempo, pedi eu o seu contributo
Para que me desse um pouco de calor,
Uns pingos de chuva e odor absoluto
Da terra molhada nos campos sem dor,
E o consentimento do seu usufruto
Pedi os caminhos que tem a cidade
Mas neles senti-me só pela metade
Senti-me ave presa em gaiola dourada
Na terra sou livre mesmo que presa
Na espera bendita da mãe natureza
...Sou pássaro à solta em sol da madrugada
MEA
14/01/2021
©Reservados direitos de autor
publicado às 17:59
QUE ME IMPORTAM AS HORAS SE SOU AVE
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Sobre um sonho desfeito esbocei traços
Assinalei fronteiras, tracei planos
Tantos traços e planos noutros espaços
Para poder esquecer os desenganos
Que me importa se são simples pedaços
De ritmos sem comuns quotidianos
Se puder neles ter os teus abraços
Se puder ser feliz sem muitos danos
Que me importam as noites ou os dias
Se os posso preencher com ousadias
Pelas horas que mais prazer me dão?
Que me importam as horas, se sou ave
Que voa ao sol e à chuva sem entrave?
Ave que dá à vida outra canção...
MEA
11/01/2018
©Reservados direitos de autor
publicado às 22:16
NÃO ME ROUBEM AS LETRAS!
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Não podem roubar-me as letras, não, não podem!
Que as letras são sol que traz esta harmonia
Que dá às palavras o tom com que explodem
Não podem roubar-mas! Elas são magia
Pura, que as palavras têm quando eclodem...
As palavras ditas que são melodia
Ou até aquelas que às vezes me acodem
No nascer intrépido duma poesia
E folhas sem letras são seco deserto
São caminhos frios de destino incerto
Onde a morte pousa as lanças aguçadas
Não me roubem, pois, as letras destas lavras
Aonde germinam as minhas palavras
Vistosas ou parcas, mas nunca cansadas
MEA
9/01/2021
©Reservados direitos de autor
publicado às 21:32
NOVAMENTE
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Novamente um tempo de não liberdade
Um tempo de frio no frio do Inverno
Limitando os passos da minha vontade
Aos passos possíveis ainda que internos
Novamente um tempo vivido em metade
Nas quatro paredes dum tecto fraterno!
Um olhar longínquo sobre esta verdade
E esta solidão, onde inocente, hiberno
Existem apenas os beijos e abraços
Dados em palavras, em distantes espaços
E folhas de neve esperando rabiscos
Certos e arrumados formando um poema,
Que às vezes não nasce por não haver tema
E o verso não é mais do que um pobre risco
MEA
10/01/2021
©Reservados direitos de autor
publicado às 16:51
NAQUELA PRAÇA
Naquela praça
Naquele banco
Há um silêncio pesado
Há uma angústia lancinante
Há um olhar magoado
Para um tempo já distante
Há uma vida esquecida
Um passado que é presente
Por cada rua ou avenida
Há um olhar triste e descrente
Naquela praça
Naquele banco
Há uma vida desfolhada
Uma alma fora de tempo
Uma luz sem madrugada
Há um epílogo em destempo
Há um sentimento vazio
Um pensamento dorido
Há um sorriso já frio
Sem palavra, sem gemido
Naquela praça
Naquele banco
A vida parou a olhar
O que a vida não lhe dá
Sem tempo para esperar
Nem força p'ra chegar lá
E já se foi o sol embora
Sua vida ficou sombria
Nada será como outrora
Quando tinha muita alegria
MEA
©Reservados direitos de autor
Foto de Sérgio Miranda
publicado às 19:10
SAL DO TEMPO
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Imagem de: https://cms.rockymountain.com.br/womenshealth/wp-content/uploads/sites/6/2019/08/comer-muito-sal.jpg
Há no tempo um sal que tempera os olhares
Que se cruzam quando o silêncio acontece
Sempre que a manhã se reflete nos mares
Onde navegamos quando se entardece
Há a espuma branca dos preliminares
Que excedem o tempo que em nós adormece
E há densas neblinas que tapam luares
E turvam a lua que em paz se oferece
No peito há bailados de rosas sem tempo
Com o ténue aroma que há num passatempo
Perfumando os dias no calar das horas
Há no tempo um sal infinito e desfeito
Com essa brandura dum tempo perfeito
Feito de memórias ou de outras auroras
MEA
8/01/2021
©Reservados direitos de autor
publicado às 21:31
BREVES LETRAS
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Imagem de: https://palaciodaarte.vteximg.com.br/arquivos/ids/201877-1000-1000/letra-principal.jpg?v=636524871135630000
É em ti que me encontro sem reservas
É em ti que me escondo quase inteira
Quando o branco inda puro tu conservas
E vens juntar-te à minha cabeceira
Elas, pequenas, leves, são as servas
Que a cada suave toque fazem leira
Onde procrio os sons verdes das ervas
Onde revelo ou calo a minha beira
O Meu lado mais belo ou mais ranzinza...
Sempre nesse tom negro, cor de cinza
Que as palavras adquirem, ao nascer
Das letras, sem o som, que o som lhes dá
E sem sabor algum de mel ou chá
.... Breves letras do meu entardecer
MEA
4/01/2021
©Reservados direitos de autor
publicado às 22:46
QUE VENHA O ANO NOVO - 2021
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Mais um ano que acaba nesta rota
Dos anos que nos foram concedidos.
Não foi um ano bom, belo ou janota
Foi só de desalentos desmedidos
Outro chega com nova fatiota
Ornada por desejos coloridos
Traz os sonhos de abraços nessa frota
De dias que se querem mais vividos
De ti quero outra paz outro esplendor
Com menos solidão com mais calor
Vivendo sem fobias, sem distância
Que enfim tragas a luz da liberdade
E em cada dia, flores de amizade
Perfumadas de amor e tolerância
MEA
31/12/2020
©Reservados direitos de autor
publicado às 17:58